quarta-feira, 27 de agosto de 2014

SEM LIMITES







No silêncio das noites rompi com os meus medos.
Foi diante das estrelas que pela primeira vez experimentei minhas asas.
Contudo, confesso que em um primeiro momento senti o peso de minhas incertezas, de minhas fobias, mas, a brisa lentamente encarregou-se de abrandar minha ansiedade.
E em um instante de abandono lancei-me em direção ao desconhecido, amparado apenas por alvas asas que sincronicamente moviam-se me elevando as alturas nunca antes experimentadas.


Já em voo livre, sustentado pela coragem da qual fui tomado, olho para baixo e vejo o quão é insignificante as correntes que me prendiam a pesares e culpas. Observo o quanto mitiguei socorro sem saber do que eu era capaz, e agora... Agora que descobri que sou livre, perdoo meus equívocos, meus enganos e liberto-os para partirem de mim.


Sem lembranças, sem sequelas ou apegos, continuo subindo em direção aos desafios deste universo, onde a vida se faz em sons e matizes que desafiam ao artista em sua obra mais audaciosa.
A vida não se tinge de cinzas, pelo contrário, é a própria cor em constante metamorfose, alcançando tons diversos em sua pluralidade de manifestações.


Confundo-me por um segundo, ao experimentar a diversidade da composição na qual embevecido me permito contemplar.
Sou astro, sou cometa, sou  uma nebulosa, uma galáxia inteira em seu processo de criação, experimentando a vida como jamais pensei existir, em um processo frenético e exuberante nas suas composições e em sua perfeição.


Quisera eu que minhas audácias pudessem ter me levado ja em meu passado a este voo, mas, contemporizo-me ao saber que aqui, meus, passado, presente e futuro coexistem em unicidade e sintonia com a vida no agora.
Mergulho por espirais luminosas que me conduzem a outros universos, onde  a desigualdade dos corações a muito extinguiu-se em favor do amor, dos amores, dos quereres bem ao todo e ao nada.


Sinto-me igual, sem distinções a serem expressas ou denunciadas, pois, em minhas asas já não mais habita as correntes dos desiguais, dos desamores.
Rompi com os elos e cadeados que censuravam minha mais sublime manifestação.
Agora que sei que componho o todo e o nada, que sou aceito como sou,  que me importam os conceitos, que me importam as aparências, quando percebo que a vida é simplesmente viver, viver e deixar viver.


Voar sem limites e sem causas, apenas deixar fluir por entre meus átomos a presença única do amor, que me concede a igualdade e a estabelece como fonte vivida da própria vida, da própria existência.
Não me cabe mais medir, atribuir, conceder ou condicionar a vida, quero apenas a sentir vibrante, iluminada e plena em mim... Não, não mais em mim, em nós, por todos nós.
Quero dizer, quero afirmar,  porque sinto, porque vivo esta verdade:
Nós nos amamos!
Sou um astro? Sou uma estrela? Sou uma nebulosa? Sou uma Galáxia?
Na realidade sou tudo isto.

Eu sou, na verdade, o que você é, porque somos o universo, e o universo é nós, no singular e no plural daquilo que cada um e todos nós somos, a vida.

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